Por Sérgio Ferreira
A Organização Mundial da Saúde (OMS) anunciou nesta quarta-feira, 3, a retomada dos testes clínicos com hidroxicloroquina, como parte dos esforços em busca de tratamentos e vacinas para a Covid-19, doença causada pelo coronavírus.
A equipe de especialistas que monitora os testes clínicos realizados em 35 países sob a supervisão da OMS recomendou na semana passada, por precaução, a suspensão dos testes com o fármaco devido a possíveis riscos à saúde.
O Conselho de Monitoramento de Segurança de Dados decidiu que não havia razão para interromper o teste internacional após analisar os dados disponíveis sobre o medicamento, disse o diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus. “O grupo executivo recebeu esta recomendação e endossou a continuação de todos os ramos do processo de testes, incluindo a hidroxicloroquina”, disse ele.
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Também nesta quarta-feira, a conceituada revista britânica The Lancet fez uma advertência sobre um estudo que abordou os riscos do uso da hidroxicloroquina para tratar pacientes com coronavírus.
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A pesquisa, publicada no dia 22 de maio, sugere que a cloroquina e a hidroxicloroquina, utilizados contra malária e lúpus, não oferecem qualquer benefício contra a Covid-19. Além disso, a combinação destes medicamentos com um determinado tipo de antibiótico estaria conectada ao aumento das taxas de mortalidade.
Alguns dos autores do texto comissionaram uma auditoria independente para avaliar a validade dos dados. Segundo a Lancet, o processo está em curso e o resultado sai “em breve”. Mesmo assim, a revista médica optou por fazer uma “expressão de preocupação” para alertar leitores, já que foram notificadas questões científicas consideradas relevantes sobre o estudo.
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“Atualizaremos este aviso assim que tivermos mais informação”, informou a revista.
Depois da publicação do estudo, a OMS havia anunciado a paralisação temporária dos testes clínicos com a hidroxicloroquina, medida que foi considerada como precaução, com possibilidade de ser revisada no futuro. A organização também disse que não há evidências de que o medicamento seja realmente eficaz contra o coronavírus.
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“Não aconselhamos o uso de hidroxicloroquina ou cloroquina no tratamento da Covid-19 fora de testes clínicos randomizados ou sob supervisão clínica apropriada e sujeita a quaisquer autoridades reguladoras nacionais que tenham decidido”, disse Mike Ryan, diretor executivo do programa de emergências da OMS.
O uso do medicamento é apoiado por alguns líderes mundiais, como o presidente Jair Bolsonaro e o americano Donald Trump, que no mês passado afirmou estar tomando cloroquina preventivamente contra o coronavírus.
A pesquisa publicada na Lancet fez uma análise dos dados de quase 15.000 pacientes, internados em 600 hospitais diferentes, que receberam o medicamento, ingerido com ou sem combinação com os antibióticos azitromicina ou claritromicina, além de dados de outros 81.000 infectados.
A pesquisa está assinada por especialistas do Brigham and Women’s Hospital, pela Universidade de Utah, pelo Instituto HCA, pela empresa Surgisphere, todas nos Estados Unidos, e do Hospital Universitário de Zurique, na Suíça.
(Com EFE)
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