Centrão comemora saída de Moro
“Não mudou nada. Não vamos trocar o capitão pelo general”.
“Não mudou nada. Não vamos trocar o capitão pelo general”.
Por Visual News Noticias / Sérgio Ferreira
O Congresso em Foco colheu as palavras acima de um importante líder do Centrão, a coalizão de partidos de direita e de centro que reúne 221 dos 513 deputados federais. Basta ter 171 votos – um terço da Câmara – para impedir que o processo de impeachment, ou um pedido de investigação criminal, contra o presidente da República tenha andamento.
Em outras palavras: se tiver o Centrão unido ao seu lado, Jair Bolsonaro poderá prosseguir no cargo, por mais que isso choque os seus críticos ou contrarie as percepções de quem se espantou com as explicações de Moro para sair. Entre os motivos principais, como se viu e ouviu, não aceitar interferência política na Polícia Federal nem proteção a pessoas sob investigação (em inquérito que ele ainda não revelou qual é).
A demissão de Sergio Moro decepcionou alguns aliados e colocou outros em rota de colisão aberta com o presidente. “Inadmissível, uma catástrofe. Nem o PT tomou atitude desse tamanho”, disse à Veja o deputado paulista Capitão Augusto, líder da bancada da segurança pública e filiado ao PL, um dos partidos que compõem o Centrão. Mas ele e outros integrantes da chamada bancada da bala parecem estar em minoria dentro do Centrão, no qual vários parlamentares já faziam há bastante tempo restrições a Moro e à Lava Jato. Sim, muitos deles estão sob investigação ou respondem a ações criminais.
Incomodado com Bolsonaro, no início de março o Centrão ameaçou formar um megabloco parlamentar junto com a oposição. Nos últimos dias, por iniciativa do presidente, voltaram a se falar. Como é próprio desse gênero de conversas, somente uma pequena parte das negociações veio a público. Os entendimentos envolvem cargos de direção no Banco do Nordeste e em outras instituições federais, talvez um ou mais ministérios, o controle do bilionário Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE), postos estratégicos nos estados (especialmente na área da saúde, agora engordada pelos recursos destinados ao combate à covid-19) e o compromisso de cerrar fileiras para barrar a reeleição de Rodrigo Maia (DEM-RJ) como presidente da Câmara.
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