Por Visual News Noticias / Sérgio Ferreira
O governo do Iraque convocou, neste domingo (5), o embaixador dos Estados Unidos no país e pediu à ONU que condene o ataque americano que matou o general iraniano Qassem Soleimani e o líder iraquiano Abu Mahdi al-Mohandis.
Em nota, o ministério das Relações Exteriores informou que a convocação do embaixador se deve aos repetidos ataques aéreos feitos pelos EUA no território iraquiano nos últimos dias, incluindo o que matou Soleimani e al-Mohandis.
O texto também afirma que os bombardeios foram "uma violação flagrante da soberania do Iraque e de todas as normas internacionais que regulam as relações entre países e proíbem o uso de seus territórios para executar ataques em países vizinhos", declarou o Iraque.
Ainda neste domingo (5), o Parlamento iraquiano começou a debater se fará uma votação para pedir a Washington que retire as tropas americanas do país.
O primeiro-ministro do Iraque, Adel Abdul Mahdi, está na sessão, e disse que a morte de Soleimani e do líder das Forças de Mobilização Popular iraquianas, Abu Mahdi al-Mohandis, que também morreu no ataque americano, foi um "assassinato político".
As Forças de Mobilização Popular são um conjunto de milícias iraquianas, a maioria delas financiadas pelo Irã, que participaram também do combate ao Estado Islâmico no Iraque. Os Estados Unidos acusam uma delas, o Kataib Hezbollah, de ser responsável pelo ataque a uma base iraquiana que abriga suas tropas em Kirkurk - e, mais recentemente, de invadir o complexo da embaixada americana em Bagdá.
O Kataib Hezbollah negou as acusações. Os EUA retaliaram os ataques, mirando bases da milícia na Síria e no Iraque. O último ataque americano foi o que causou a morte de Soleimani e al-Mohandis, na quinta-feira (2). Milhares de pessoas acompanharam o funeral dos dois militares no Iraque, no sábado (4), e no Irã, neste domingo.
De acordo com o primeiro-ministro iraquiano, o comandante militar al-Mohandis ameaçou renunciar ao cargo de chefe das Forças de Mobilização Popular se as milícias não saíssem da embaixada americana durante a invasão da última terça (31). Isso, de acordo com o premiê Mahdi, fez com que elas acabassem deixando o local.
Mahdi recomendou aos parlamentares que adotem "medidas urgentes" para encerrar a presença de tropas estrangeiras no país, segundo a Reuters. "É do interesse tanto do Iraque quanto dos Estados Unidos", declarou o premiê na sessão parlamentar.
Por sua vez, a coalizão liderada pelos Estados Unidos no país, responsável também por ajudar o Iraque a combater o Estado Islâmico, anunciou neste domingo (5) que vai pausar as atividades de treinamento e apoio para forças de segurança iraquianas devido a ataques com foguetes a bases que abrigam suas tropas.
"Nossa primeira prioridade é proteger toda a equipe da coalizão comprometida com a derrota do Daesh [Estado Islâmico]. Ataques repetidos de foguetes nos últimos dois meses por elementos do Kataib Hezbollah [milícia iraquiana apoiada pelo Irã] causaram a morte de membros das forças de segurança do Iraque e de um civil dos EUA", afirmou a coalizão em comunicado.
"Como resultado, estamos agora totalmente comprometidos em proteger as bases iraquianas que hospedam as tropas da coalizão. Isso limitou nossa capacidade de realizar treinamento com parceiros e apoiar suas operações contra o Daesh, e, portanto, pausamos essas atividades, o que está sujeito a uma revisão contínua", acrescenta o texto.
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