Por Visual News Noticias / Sérgio Ferreira
BRASÍLIA — O Irã ameaçou cortar suas importações do Brasil a menos que o país permita o reabastecimento dos dois navios de bandeira iraniana parados desde o começo de junho perto do porto deParanaguá (PR) , em um sinal das repercussões globais das sanções americanas contra a República Islâmica.
O embaixador do Irã em Brasília, Seyed Ali Saghaeyan , disse nesta terça-feira a funcionários do governo brasileiro que poderia facilmente achar novos fornecedores de milho, soja e carne se o país se recusar a abastecer os navios. O Brasil exporta cerca de US$ 2 bilhões por ano para o Irã, na maior parte commodities como milho , carne e açúcar . No caso do milho, os iranianos são responsáveis por comprar um terço de todas as exportações brasileiras do produto.
Enquanto os envios de milho para o Irã aumentaram 30% no ano passado, em comparação com 2017, as vendas de outras commodities agrícolas tiveram queda, de acordo com os dados de comércio exterior doBrasil . As vendas de carne caíram 38% — no caso do açúcar, a redução foi de 84%.
— Disse aos brasileiros que eles devem resolver a questão, não os iranianos — Saghaeyan afirmou, em uma rara entrevista na embaixada do Irã , em Brasília. — Se isso não for resolvido, talvez as autoridades em Teerã possam tomar alguma decisão porque este é um mercado livre e outros países estão disponíveis.
A Petrobras se recusa a abastecer os navios Bavand e Termeh , parados há mais de um mês perto do porto de Paranaguá, alegando que os dois aparecem em uma lista que aponta pessoas, instituições e embarcações sujeitas a sanções , elaborada pelo Departamento do Tesouro dos EUA. A estatal alega que poderia ser alvo de retaliações do governo americano caso fornecesse o combustível. Ela ainda afirmou que outras empresas podem abastecer as embarcações. A Petrobras ainda cita uma carga deureia , trazida pelos dois navios, que também estaria sujeita às sanções dos EUA, ligadas ao programa nuclear iraniano.
Já a responsável pela operação de exportação do milho, a Eleva Química Ltda , afirma que não há qualquer risco para a Petrobras, uma vez que é ela, não a empresa dona dos navios, que estará comprando o combustível. Além disso, a Eleva alega que apenas a Petrobras fornece o tipo de combustível usado pelos cargueiros.
O impasse está no Supremo Tribunal Federal , onde aguarda decisão.