Por Visual News Noticias
Cientistas e militares brasileiros que atuam na Antártida agora dispõem
de tecnologia em telecomunicações de ponta. Além de internet fixa de
alta velocidade, que permite transmitir dados, fazer videoconferências e
ligações, há uma rede móvel com conexão 4G, acesso wi-fi distribuído
por todas as instalações e sistema de recepção de sinal de televisão. A
estrutura, implantada pela operadora Oi, foi inaugurada nesta
segunda-feira (11/3) pelo presidente Jair Bolsonaro, que fez uma
videoconferência e se conectou, do Palácio do Planalto, com a Estação
Antártida Comandante Ferraz (EACF).
Implementar os sistemas de telecomunicações foi um desafio para a
operadora Oi. A empresa mandou uma equipe de cinco técnicos que
trabalharam no local por dois meses (janeiro e fevereiro), enfrentando
condições extremas de baixas temperaturas e ventos. A instalação de uma
antena demandou cerca de quatro dias de trabalho externo contínuo com
sensação térmica de 25 graus negativos e temperatura de -5 graus.
Carlos
Eduardo Monteiro, diretor de regulamentação da Oi, explicou que, apesar
de já haver na estação um legado do acordo de cooperação anterior, a
instalação foi do zero. “O trabalho demandou uma logística enorme. O
cronograma foi desafiador, porque há o inverno antártico, que começa no
fim do mês, e que impede a entrada na Antártida. Tivemos uma janela de
seis meses para concluir os trabalhos”, contou.
Todos
os equipamentos foram importados, tiveram que chegar ao Brasil, daqui
serem transportados para Punta Arenas, no Chile, e de lá para Antártida.
“Não pode faltar um parafuso. Tivemos que comprar tudo com alto grau de
acuracidade e com sobressalentes para eventuais troca e reparo”,
destacou. Todo o processo, de compra, transporte, passagem aduaneiras e
desembarque em vários locais, foi desafiador. “E chegando lá tivemos
toda a montagem, trabalhando dia e noite, em condições nada favoráveis”,
disse.
Segundo Monteiro, a Oi está com
infraestrutura para prover serviços banda larga, TV e dados para os
integrantes da equipe brasileira na Antártida. “Colocamos um contêiner,
que funciona como uma estação telefônica, com duas antenas em cima (uma
de voz e dados e a outra tevê). Fora isso, uma torre de irradiação de
sinal de 4G. Todos os equipamentos são especiais para aguentar ventos de
velocidade acima de 240 km/h. O prato das antenas não é metálico, é de
fibra de vidro, para evitar a corrosão, com sensores para evitar
congelamento”, contou.
Os equipamentos aguentam
temperaturas de 40 graus negativos. “Há também a questão da salinidade.
Por isso, optamos por guardar os equipamentos dentro do contêiner, para
que não se deteriorem. A logística é completamente diferente. Mandamos
2,5 toneladas de equipamentos para a Antártida”, explicou.
A
Oi treinou um oficial da Marinha para fazer manutenção e reparo dos
equipamentos que estão no contêiner, mas também há possibilidade de
monitoramento remoto. “Temos um centro de gerência no Rio de Janeiro,
que monitora toda a rede Oi no Brasil”, destacou Monteiro.
"Instalamos
na estação equipamentos de última geração que vão permitir uma conexão
de qualidade com o Brasil. Investimos em materiais especiais, como
antenas que possuem sistema anticongelante. Nossa equipe trabalhou
intensamente", disse Eurico Teles , presidente da Oi
Salto
A
possibilidade de realizar videoconferência foi o grande salto da
estrutura de telecomunicações em termos de conectividade. O
contra-almirante Sérgio Gago Guida, secretário da Comissão
Interministerial para os Recursos do Mar e Gerente do Programa
Antártico Brasileiro, explicou que, com um total de 40 mega para três
bandas (telefonia 4G, dados e televisão satelital) as condições de
permanência dos militares e pesquisadores na Antártida mudaram
radicalmente. “Alguns ficam até um ano na estação e agora podem se
comunicar com os familiares, assistir tevê. Para os pesquisadores, foi
um salto ainda maior, porque antes coletavam os dados mas não podiam
transmiti-los”, destacou.
Além disso, continuou
o almirante, a estrutura de telecomunicações vai permitir o
monitoramento remoto da estação. “Em 2012, tivemos um incêndio. Na
época, houve um problema na transferência de óleo de gerador. Com o
aumento de banda, vamos ter mais segurança, monitorando todas as
atividades”, afirmou. Outra possibilidade é a telemedicina. “Temos
médicos lá com a especialidade que dá. Até ginecologista já foi. Agora,
em casos mais graves, poderemos usar a medicina remota”, contou.
CB