Retrospectiva 2018: reveja cinco temas marcantes do ano que terminou
Por Visual News Noticias
O ano 2018 deverá ficar marcado na história do Brasil como o ano da eleição presidencial mais importante desde a retomada do voto direto para o cargo, já que a população rompeu com o modelo político construído por negociatas no Congresso (amplamente usado por PSDB e PT) e elegeu um capitão reformado do Exército que não pôde fazer campanha por sofrer um atentado.
Ao longo do ano, inúmeras histórias envolvendo o meio evangélico nacional e internacional, no âmbito da sociedade, polícia, política e perseguição religiosa ocuparam as manchetes.
Confira abaixo uma retrospectiva de cinco temas que movimentaram os cristãos brasileiros ao longo deste ano:
Suicídios
Uma verdadeira onda de suicídios entre pastores e figuras com destaque em suas congregações ocupou as manchetes dos portais cristãos de notícias. Uma cantora pentecostal tirou a vida na Bahia, assim como um pastor ligado à denominação liderada por Marco Feliciano (PODE-SP).
A incidência da depressão sobre os pastores levando ao suicídio, no entanto, não ficou restrita apenas ao Brasil: o jovem líder de uma megaigreja na Califórnia, Estados Unidos, terminou por ceder à tentação de por um fim à própria dor. Andrew Stoecklein deixou esposa e três filhos, e o caso repercutiu em todo o mundo.
A psicóloga Marisa Lobo comentou essa situação atípica afirmando que, embora não se possa fazer um diagnóstico completo e preciso a essa altura, é possível notar que a repercussão dos casos ativou uma espécie de “gatilho” entre os sacerdotes que sofrem com depressão.
“Tem um gatilho cerebral que é acionado dependendo da maneira como se aborda um tema na sociedade. Estupro, suicídio, pedofilia. Quanto mais se fala sobre violência, mais violência tem. Algo acontece, esse gatilho é acionado e algumas pessoas ao verem, se sentem motivadas a fazer essas coisas. Isso está acontecendo no caso do suicídio em cadeia, e isso é muito sério”, avaliou Marisa Lobo.
A preocupação com essa circunstância levou um grupo de pastores a discutirem formas de ajudar colegas de ministério com problemas emocionais. O simpósio organizado pela Ordem dos Pastores Batistas do Brasil (OPBB-SP) abordou problemas de saúde que comumente acometem pessoas que terminam por praticar o suicídio, como transtornos emocionais, depressão, síndrome de burnout, obesidade, sedentarismo e outros.
“Os pastores precisam de salvamento. Temos que salvar os que estão sofrendo”, resumiu o pastor Vagner Vaellati, dirigente da Igreja Batista Boas Novas em Vila Zelina, São Paulo, onde o evento foi realizado.
Perseguição na China
O regime comunista que governa a China intensificou a perseguição religiosa a cristãos em 2018, com fechamento de igrejas e derrubada de templos. Em dezembro, um caso marcou a postura de estrangulamento do cristianismo no país: o pastor Wang Yi, líder de uma importante igreja “subterrânea”, foi preso junto com dezenas de fiéis, sob acusação de “incitarem a subversão”.
Visto por especialistas com a “última barreira contra o totalitarismo“, o cristianismo passou a ser tratado como inimigo do governo do presidente Xi Jinping, que só aceita a atuação de igrejas “legalizadas”, onde o Estado pode interferir. A situação chamou atenção da imprensa internacional, que relatou casos em que policiais teriam recebido metas de prisão de cristãos.
“Os cristãos são as ONGs (organizações não-governamentais) restantes no encolhimento da sociedade civil na China”, declarou Fenggang Yang, especialista em religião na China, ressaltando que nos últimos anos, desde que o atual presidente assumiu o poder, o Estado vem controlando cada vez mais a vida dos cidadãos. “Sob a liderança de Xi Jinping e do Partido Comunista Chinês, eles estão realmente tentando estabelecer um governo totalitário da sociedade chinesa e os cristãos estão ‘obstruindo’ o caminho deste totalitarismo. É por isso que eles se tornaram um alvo”.
Apesar de toda perseguição, a convicta Igreja na China se mantém firme em seu propósito: “Não perderemos nossa fé por causa da supressão das autoridades”, declarou um membro da igreja Early Rain Convenant, fechada pelo governo, mas que continua ativa, realizando cultos com pequenos grupos, ao ar livre.
Andrew Brunson
O pastor norte-americano que vivia na Turquia e dirigia uma pequena comunidade evangélica foi preso em 2016 acusado de integrar uma rede de oposição ao presidente Recep Tayyip Erdogan que tentou derrubá-lo num golpe de Estado de julho do mesmo ano. Apesar de sempre ter negado envolvimento com o grupo político, ele foi condenado a três anos e um mês de prisão.
Este ano, com o fracasso das negociações de libertação do pastor, o presidente norte-americano Donald Trump apelou para medidas de sanção contra a Turquia como forma de pressionar o presidente Erdogan a rever o caso. A postura deu resultado, e o pastor terminou libertado de maneira formal, sem maiores manobras jurídicas, no dia 12 de outubro.
“Meus pensamentos e orações estão com o pastor Brunson, e esperamos tê-lo em segurança de volta para casa em breve!”, escreveu Donald Trump no Twitter após o anúncio da libertação do líder evangélico.
“Eles me acusavam de terrorismo, mas a verdade é que só estávamos pregando a Jesus Cristo. Durante anos fizemos isso abertamente nunca tivemos problemas”, disse Brunson em uma entrevista à rede de TV Fox News. “Eu só sobrevivi porque passei horas em oração, apenas para manter minha sanidade”, acrescentou o pastor, em outra entrevista. “Valeu a pena todo o sofrimento que passamos. Vou continuar pregando a Jesus até o fim de minha vida”.
Lula preso
O Partido dos Trabalhadores se esmerou em criar uma narrativa que tentasse convencer pessoas e autoridades de que o ex-presidente Lula seria um perseguido político, e que sua condenação em segunda instância por lavagem de dinheiro e corrupção no âmbito da Operação Lava-Jato havia ocorrido com a ausência de provas.
Em outra frente, o partido apresentou diversos recursos – incluindo pedidos de habeas corpus – às instâncias superiores, como o STJ e o STF, para evitar sua prisão. Tudo sem sucesso.
No dia 07 de abril de 2018, Luiz Inácio Lula da Silva se entregou à Polícia Federal após um comício em São Bernardo do Campo. A mobilização contou inclusive com discurso do pastor Ariovaldo Ramos, o mais aguerrido militante de esquerda dentre as lideranças evangélicas brasileiras.
Três meses depois, o desembargador Rogério Favreto, do Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF-4), concedeu um habeas corpus a Lula durante seu plantão no domingo, 08 de julho, acatando um pedido de um grupo de deputados petistas sob o argumento de que manter Lula preso prejudicaria a legitimidade do processo eleitoral e das instituições democráticas, apesar de a Lei da Ficha Limpa impedir candidaturas de cidadãos condenados em segunda instância.
O que se seguiu foi uma verdadeira batalha de carteiradas, pois outro desembargador do TRF-4, João Paulo Gebran Neto, relator da turma que julgou o caso de Lula, reagiu à determinação de Favreto, determinando que a Polícia Federal mantivesse o ex-presidente preso. Horas depois, o desembargador Favreto, voltou a determinar a soltura de Lula, reforçando sua primeira decisão. O “solta-prende-solta” só terminou quando o presidente do TRF-4, desembargador Carlos Eduardo Thompson Flores, se viu obrigado a por um fim no imbróglio e determinou que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) permanecesse preso.
A manobra dos deputados petistas, no entanto, ficou clara quando a imprensa descobriu que Rogério Favreto já havia sido filiado ao PT por 19 anos e tem profundas ligações com os políticos da legenda: “Crítico da Lava Jato, o magistrado ocupou cargos no governo Lula e em outras administrações petistas antes de ingressar no tribunal”, resumiu a jornalista Mônica Bergamo, do jornal Folha de S. Paulo.
Lula teve sua candidatura a presidente negada pelo Supremo Tribunal Federal e viu seu pupilo, Fernando Haddad, ser derrotado nas urnas em segundo turno.
Com a proximidade do Natal, o ex-presidente vislumbrou a possibilidade de ser solto por conta de uma liminar concedida pelo ministro do STF Marco Aurélio Mello para o Partido Comunista do Brasil (PCdoB) visando a soltura dos presos após condenação em segunda instância, por conta da possibilidade de novos recursos. A decisão de Marco Aurélio que poderia levar à soltura de dezenas de milhares de presos foi tomada no último dia de expediente no STF, mas barrada a tempo pelo presidente da Corte, ministro José Dias Toffoli.
“A decisão monocrática do ministro Marco Aurélio (suspensa em seguida), na véspera do recesso, foi um artifício arguto que não se alinha com a prerrogativa da Suprema Corte de ser o recurso de última instância. Enfraquece a legitimidade do Supremo em hora delicada de nossa vida política. A decisão poderia criar atritos institucionais, entre os Poderes e dentro do Judiciário, que, dependendo de sua intensidade, tendem a agravar a crise política que vivemos”, comentou o cientista político Sérgio Abranches.
O episódio foi comentado no Twitter pelo juiz cristão Marcelo Brêtas, responsável pelo julgamento de ações da Operação Lava-Jato no Rio de Janeiro. Ele afirmou que a decisão liminar que quase soltou Lula e dezenas de milhares de outros presos era um gesto de “forças retrógradas” que poderiam retardar o processo de mudança que o país atravessa.
“O Brasil está mudando, rapidamente e para melhor. Lamentavelmente essa mudança não é instantânea. Assim, ainda por algum tempo, haveremos de conviver com forças retrógradas, comprometidas com o modelo superado”, criticou.
Bolsonaro presidente
No dia 28 de outubro, com mais de 10 milhões de votos à frente de Fernando Haddad, o capitão do Exército e deputado federal Jair Bolsonaro (PSL) foi eleito presidente da República Federativa do Brasil, em segundo turno, com a promessa de valorizar a família e combater a ideologia de gênero.
No entanto, por muito pouco, esse desfecho não aconteceu. No dia 06 de setembro, quando Bolsonaro já liderava as pesquisas de intenção de voto, o então candidato foi esfaqueado durante uma passeata em Juiz de Fora (MG). O agressor, Adélio Bispo de Oliveira, já havia sido filiado ao PSOL e mantinha contato com lideranças políticas de esquerda, incluindo do PT.
Socorrido às pressas na Santa Casa de Misericórdia da cidade, Bolsonaro foi submetido a uma cirurgia de emergência e teve a hemorragia contida. O estrago da facada em seus intestinos, no entanto, gerou a necessidade de cuidados maiores já que havia risco de infecção generalizada. O candidato foi transferido para o hospital Albert Einstein, onde foi submetido a uma nova cirurgia.
Durante sua internação, Bolsonaro recebeu visitas de amigos como o pastor Silas Malafaia, o senador Magno Malta (PR-ES) e também do pastor Josué Valandro Jr., líder da Igreja Batista Atitude, onde a futura primeira-dama Michelle Bolsonaro é membro.
Depois de receber alta hospitalar, Bolsonaro não foi liberado pelos médicos para fazer campanha, e seus apoiadores se mobilizaram em todo o país, com carreatas, passeatas e envio de mensagens por aplicativos como o WhatsApp e Telegram.
Quando as urnas foram abertas no dia 07 de outubro, o resultado mostrou que Bolsonaro esteve muito perto de ser eleito presidente. Nomes como Marina Silva (Rede), Geraldo Alckmin (PSDB), Henrique Meirelles (MDB) e Ciro Gomes tiveram desempenho muito abaixo do projetado pelos especialistas e ficaram de fora do segundo turno, que foi disputado pelo ex-ministro da Educação nos governos Lula e Dilma Rousseff, Fernando Haddad.
Após a confirmação da vitória, Jair Bolsonaro fez uma declaração ao vivo para emissoras de televisão ao lado da esposa, agradecendo a Deus pelo milagre de estar vivo e comprometendo-se a governar para todos os brasileiros e pacificar o país. Em seguida, concedeu a palavra a Magno Malta para que ele fizesse uma oração pedindo a Deus que desse sabedoria ao longo do governo, que se inicia amanhã, 01 de janeiro de 2019.
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