Por Visual News Noticias
O
ministro Luis Roberto Barroso durante sessão extraordinária no Tribunal
Tribunal Superior Eleitoral — Foto: Fátima Meira/Futura Press/Estadão
Conteúdo
As supostas irregularidades foram apontadas por técnicos da Assessoria
de Exame de Contas Eleitorais e Partidárias (Asepa) do Tribunal Superior
Eleitoral (TSE).
Relator no TSE das contas de campanha, Barroso terá que submeter o
procedimento a julgamento no plenário do tribunal eleitoral. Ainda não
há data marcada para a Corte analisar o caso.
A diplomação de Bolsonaro está marcada para o dia 10 de dezembro. Para
receber o diploma, os candidatos eleitos precisam estar com o registro
de candidatura deferido e as contas de campanha julgadas – não
necessariamente aprovadas.
Os técnicos do TSE apontaram 23 "inconsistências" que envolvem indícios
de impropriedade (erro formal ou dados inexatos) e indícios de
irregularidade (suspeitas na prestação), além da falta de documentos e
pediram que a campanha enviasse mais documentos, como contratos e
comprovações de serviços e gastos.
Barroso considerou "pertinentes" os pedidos e notificou a campanha a apresentar os esclarecimentos.
"São pertinentes as diligências propostas pela Assessoria de Exame de
Contas Eleitorais e Partidárias . Diante do exposto, determino a
intimação do candidato Jair Messias Bolsonaro, [...] para, no prazo de 3
(três) dias, complementar dados e documentação e/ou prestar
esclarecimentos / justificativas, com vistas ao saneamento dos
apontamentos", diz trecho da decisão.
Segundo o extrato final da prestação de contas, a campanha de Bolsonaro
arrecadou R$ 4.377.640,36. Foram gastos R$ 2.812.442,38, dos quais R$
2.456.215,93 foram efetivamente pagos.
As sobras de campanha somam R$ 1.565.197,98 - Bolsonaro afirmou nesta
semana que irá doar as sobras para a Santa Casa de Misericórida de Juiz
de Fora (MG), onde foi atendido após ser esfaqueado em 6 de setembro.
Veja um resumo dos 23 questionamentos apontados por técnicos do TSE nas contas de Bolsonaro:
- Despesas com mídias digitais com empresa Adstream - R$ 6.260,00 - pedem números de notas fiscais;
- Despesas
com serviços advocatícios com empresa Kufa Sociedade de Advogados - R$
50.000,00 - pedem detalhamento dos serviços prestados, relação dos
processos em que escritório atuou, relação de todos os advogados que
atuaram;
- Despesas com serviços contábeis não foram declaradas,
mas aparece como serviço do escritório de advocacia - pedem dados sobre
serviços contábeis prestados, identificação dos contadores;
- Despesas
com material impresso com quatro empresas - R$ 71.000,00 - pedem
amostras dos materiais produzidos, como adesivos, paineis e bótons e
também informações sobre se essas empresas subcontrataram outras
empresas.
- Devolução de receitas - R$ 95.000,00 - Campanha avisa
que devolveu R$ 95 mil em doações para quatro pessoas físicas e técnicos
dizem que, como não há previsão para devolução de doações legais, qual
motivo de o candidato se recusar a receber os valores;
- Financiamento
coletivo com empresa sem registro - R$ 3,5 milhões - técnicos afirmam
que a empresa AM4 não tinha cadastro para prestar serviços de
arrecadação por meio do financiamento coletivo e pedem também
detalhamento sobre as empresas Aixmobil e Ingresso Total, que também
atuaram com arrecadação por meio de financiamento coletivo, as
"vaquinhas";
- Descumprimento de prazo para entrega de relatório com receita de R$ 1,566.812,00;
- Indício
de irregularidade no recebimento de doações do fontes proibidas,
permissionários - R$ 5.200,00 - técnicos apontam que lei proibido
recebimento de recursos de quem tem atividade decorrente de permissão
pública;
- Indício de irregularidade no recebimento de recursos com origem não identificada - R$ 100;
- Indício
de irregularidade de doações recebidas com divergência na identificação
dos doadores - R$ 5.030,00 - divergências de dados informados dos
doadores com base de dados da Receita (Nome do doador não bate com o CPF
cadastrado na Receita);
- Indício de impropriedade na divergência
de informações de doações indiretas - R$ 345.000,00 - técnicos informam
que repasse da campanha de Eduardo Bolsonaro para o pai;
- Indício
de irregularidade com ausência de gastos eleitorais na prestação de
contas parcial 0 R$ 147.727,02 - gastos que não foram prestadas dentro
do prazo correto;
- Indício de irregularidade na omissão de
despesas - R$ 147.948,81 - técnicos dizem que cruzamento de dados
mostrou que fornecedores informaram gastos omitidos pela campanha;
- Indício
de irregularidade com divergência de informações em doações - R$
3.796,86 - doadores informaram maiores valores em relação ao declarado
pelo candidato;
- Indício de irregularidade - R$ 20.958,16 -
técnicos apontam omissão de doações no cruzamento de informações com
outros prestadores;
- Indício de irregularidade com dinheiro de
sobra de campanha transferido a outro partido - R$ 10.000,00 - técnicos
apontam repassem ao PRTB, quando lei só permite que tivesse sido
repassado ao próprio PSL;
- Indício de irregularidade com falta de
documentos de comprovação de doações estimáveis (destinação de espaços
ou trabalho) - R$ 6.913,60 - falta de documentação de espaço cedido ou
outros serviços doados;
- Indício de irregularidade em doações
estimáveis que não constavam na prestação parcial - R$ 24.916,83 -
técnicos apontam que os valores não foram lançados no devido tempo, como
prevê resolução;
- Indício de irregularidade em doações
estimaveis que não constavam na prestação parcial - R$ 2.511,54 -
técnicos apontam que medida frustra transparência e fiscalização;
- Indício de impropriedade - divergência na data de abertura de contas bancárias;
- Ausência de recibo eleitoral em arrecadação de recursos estimáveis (trabalho voluntário e outros);
- Falta de documentação nas despesas, como contratos e relatórios de serviços prestados por várias empresas;
- Indício
de irregularidade no recebimento indireto de recursos - R$ 100 - doação
não identificada por meio de vaquinha virtual recebida por meio do
partido e que deveria ter sido recolhida ao Tesouro.