Temer vê pressão aumentar com ameaça de nova denúncia ainda esta semana
Desta vez, presidente pode ser acusado pela PGR de obstrução de justiça ou formação de organização criminosa
Desta vez, presidente pode ser acusado pela PGR de obstrução de justiça ou formação de organização criminosa
presidente Michel Temer está preocupado com a informação que vem sendo divulgada, desde a última semana, de que o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, vai apresentar uma segunda denúncia contra ele, desta vez por obstrução de justiça ou formação de organização criminosa.
Nessa segunda-feira (28), a colunista Míriam Leitão, de O Globo, chegou a afirmar que a denúncia seria feita até o fim desta semana, conforme fontes ouvidas em Brasília.
Temendo o pior, Temer esteve reunido, durante o fim de semana, com o presidente da Câmara, Rodrigo Maia, no Palácio do Jaburu, para traçar um panorama sobre o cenário que encontrará, entre a base governista, caso Janot decida agir.
Segundo o colunista Lauro Jardim, de O Globo, alguns ministros disseram, no entanto, que a realidade "pintada" por Maia não foi das mais animadoras. Segundo o presidente da Câmara, muitos dos aliados estão insatisfeitos com as promessas feitas por Temer, para se livrar da primeira denúncia, e que ainda não foram cumpridas.
Para tentar conter os ânimos dos insatisfeitos, nessa segunda-feira (28), o Planalto começou a demitir mais de uma centena de aliados de deputados que votaram a favor da denúncia contra Michel Temer. De acordo com informações da Folhapress, o número de dispensas deve chegar a cerca de 140.
Os cargos serão redistribuídos a congressistas que ajudaram a rejeitar a abertura de processo criminal contra Temer. Novas indicações para esses postos já foram feitas e estão em análise pela Casa Civil.
O presidente embarca nesta terça-feira (29) para a China, de onde só retorna quarta-feira da próxima semana. Antes, no entanto, reuniu-se com seus ministros, no Palácio do Planalto, para passar as orientações e o discurso a serem seguidos nos próximos dias.
Relembre o caso
Na última quinta-feira (24), a imprensa divulgou que, antes de encerrar o seu mandato à frente da Procuradoria-Geral da República (PGR), Rodrigo Janot vai apresentar uma segunda contra o presidente Michel Temer. A equipe do procurador-geral, que será substituído por Raquel Dodge no dia 18 de setembro, já trabalha, inclusive, no texto básico da acusação, de acordo com informações de O Globo.
Temer já foi alvo de uma denúncia anteriormente, por corrupção passiva, mas conseguiu rejeitá-la no plenário da Câmara, durante votação ocorrida no último dia 2 de agosto.
Desta vez, a expectativa é que Janot o acuse de obstrução de justiça ou organização criminosa, conforme inquérito aberto pelo Supremo Tribunal Federal (STF).
O material contra o presidente se baseia nas delações de executivos da JBS. Joesley Batista, um dos sócios da empresa, chegou a entregar aos investigadores da Lava Jato um áudio contendo conversa entre ele e Temer, durante encontro fora da agenda presidencial, no Palácio do Jaburu.
Na ocasião, o empresário conta que "comprou" um procurador para atrapalhar as investigações da força-tarefa, e que está pagando uma mesada ao ex-deputado Eduardo Cunha, a fim de mantê-lo em silêncio na prisão. Além disso, comenta com o presidente que está precisando de um novo interlocutor no governo, ao que Temer indica o nome do seu então assessor Rocha Loures. Diz que Joesley pode tratar de tudo com ele.
Depois do acerto, Loures foi flagrado pela Polícia Federal (PF), em uma ação orquestrada junto ao Ministério Público Federal (MPF), recebendo uma mala com R$ 500 mil de Ricardo Saud, diretor da JBS.Segundo a investigação, o dinheiro seria parte de propina que, ao longo de 20 anos, rendeu cerca de R$ 400 milhões a políticos do país, inclusive ao presidente Michel Temer, para quem, supostamente, seria destinada a quantia de meio milhão entregue a Loures.
Apesar de, após a rejeição da denúncia na Câmara, os aliados de Temer acreditarem que Rodrigo Janot perderia força, esta semana Lucio Funaro, apontado como operador financeiro do PMDB e ligado a Eduardo Cunha, assinou acordo de delação premiada.
Após três meses de negociações, o acerto foi concluído e, segundo fontes ligadas à investigação, é possível que o procurador-geral se baseie nos depoimentos e documentos apresentados por ele para denunciar Michel Temer, mais uma vez.
Nas tratativas iniciais, ele prometeu falar sobre um expressivo número de políticos, entre eles o presidente e bancada parlamentar ligada a Cunha.Ainda quando da conversa entre Joesley e Temer, no Jaburu, o empresário também afirmou que fazia pagamentos a Funaro. Depois, a PF também flagrou Saud entregando outra mala com R$ 500 mil, desta vez à irmã de Funaro, Roberta, que acabou presa.
O operador financeiro disse que o dinheiro era para quitar uma dívida, mas Joesley contestou a informação e afirmou que o objetivo do pagamento era evitar a delação de Funaro, que está preso desde 2016.
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