Da redação
Atualmente, até quem não tem nenhum conhecimento sobre jogos, sabe
que as crianças e os adolescentes estão muito envolvidos em jogos
eletrônicos e/ou digitais. Cada vez mais cedo esse grupo tem contato com
esse universo, e muitas vezes esse tipo de diversão acaba se tornando
uma obsessão, capaz de causar transtornos e vícios.
O
crescimento de usuários foi muito potencializado na pandemia, com tempo
livre e sem liberdade para fazer outras atividades, esse grupo acabou
passando muito tempo em frente da tela jogando. Por outro lado, os
familiares podiam não interferir muito, considerando a situação complexa
e atípica. Afinal, precisavam se concentrar em mil outras atividades,
desta maneira, deixar a criança ou o adolescente entretido jogando
parecia uma boa opção.
Porém, o excesso pode levar ao vício. Conhecido como “Game
Disorder”, a Organização Mundial da Saúde - OMS, classificou o vício em
jogos eletrônicos como doença, destacando a dependência de jogos,
incluindo os eletrônicos. O jogo compulsivo está sendo tratado como um
transtorno, que envolve reabilitação e internação em casos extremos.
Existem clínicas que disponibilizam um tratamento multidisciplinar para
ajudar nesses casos.
Esse problema crescente
precisa ser observado pelas mães, pelos pais e responsáveis. O vício se
traduz em situações que causam impacto direto na vida das pessoas, como a
vontade de não sair de casa, a tendência a se isolar ao invés de
interagir com os colegas e amigos, a ansiedade de voltar para casa
quando precisa sair para uma atividade familiar, como uma festa, uma
visita ou um passeio, são alguns dos indícios de que há um desequilíbrio
que precisa ser observado.
Há vários outros
indicadores, como o rendimento ruim na escola e no trabalho, além dos
impactos na vida pessoal. Se percebe que há uma falta de interesse
genuína em outras coisas, ou há um interesse extremamente reduzido. O
viciado fica agressivo quando não joga, é capaz de enfrentar
violentamente quem pretende impedi-lo.
O vício pode ocorrer também em adultos, e pode ser direcionado
tanto para jogos de apostas, que cresceram muito ultimamente, quanto em
jogos online, digitais, eletrônicos, em especial aqueles que têm
interação com outros jogadores.
No caso de
crianças e adolescentes, outra questão precisa de atenção - as trocas de
conversas frequentes durante os jogos, podem causar nos jogadores uma
falsa sensação de proximidade e amizade. Com isso, muitas vezes, as
pessoas evoluem e passam informações pessoais, como o número de
WhatsApp, por exemplo e chagam a marcar encontros presenciais.
Em
2021, uma jogadora profissional de 19 anos, conhecida como Sol, morreu
após um encontro presencial com um jogador que conheceu online, não é
uma situação comum, mas é indispensável estar atento a quem conversa
online com os filhos.
Importante destacar que os campeonatos de jogos online e a
possibilidade de jogar profissionalmente acabam por incentivar essa
geração a se dedicar com o objetivo de se destacar e de ganhar dinheiro
fazendo o que gosta.
Nessa mesma linha de
transformar o sonho em realidade surgiu o filme “Gran Turismo - de
jogador a corredor”. O filme é baseado em uma história real de um gamer
que era aficionado pelo jogo “Gran Turismo” que se tornou um corredor na
vida real. Uma exceção mostrada como uma possibilidade.
Poucos
são os que realmente se destacam nesse ambiente, mas esses poucos
acabam tendo grande visibilidade, o que pode causar uma ilusão para esse
grupo vulnerável. Por isso é tão importante a presença dos familiares, o
diálogo e a conversa, tanto para incentivar nas situações cabíveis,
quanto para limitar e orientar nas que não forem.
A dica para que isso não aconteça em sua família é ter atenção e
informação. Evite deixar seu filho muito tempo dedicado e focado em
jogos, busque fazer outros programas e desenvolver o interesse dele em
outras atividades. Se for possível, incentive a praticar esportes,
línguas, matricule em cursos de extensão. O acompanhamento é sempre a
melhor solução, pois só estando próximo e ciente do que está
acontecendo, é possível evitar eventuais danos e minimizar prejuízos à
saúde emocional e psicológica das crianças e dos adolescentes. A
conversa e o diálogo são as principais armas na sociedade informacional.
diário de Pernambuco