Saiba quanto custa viajar da Bahia ao Catar para assistir à Copa do Mundo
Por: Sérgio Ferreira
Seleção convocada, camisa canarinho na mão e a programação para os dias dos jogos do Brasil já definida. Esse é o clima do torcedor brasileiro a poucos dias do começo da Copa do Mundo do Catar 2022, no dia 20 de novembro. Agora imagina quem vai ver ao vivo?
O Mundial deste ano já vendeu quase 3 milhões de ingressos para as partidas, e o Brasil está entre as dez nações que mais solicitaram entradas, com quase 40 mil pessoas. E a essa altura os espectadores que vão viajar até o Oriente Médio já garantiram, além do ingresso, as passagens aéreas, hospedagem e separaram os custos com alimentação.
Diante desse cenário, o CORREIO calculou quanto custa, em média, fazer uma viagem para o Catar neste período de Copa do Mundo. Vale lembrar que se trata de um dos países mais luxuosos do planeta e famoso por investir altas cifras em infraestrutura.
Um dos brasileiros que estarão no Catar durante o Mundial é o advogado baiano Rafael Moreira, 47 anos, que manterá a tradição de acompanhar a seleção brasileira em Copas. "Tenho um grupo formado por amigos desde a época da escola, e outros que entraram ao longo da vida, chamado Baianos na Copa. Eu sou torcedor doente pelo Vitória, mas temos também torcedores do Bahia e compartilhamos essa paixão pela Seleção. Organizamos as viagens desde 2006 (na Alemanha) e nessa agora não tinha como deixar de ir, apesar dos percalços e custos", conta.
Neste ano, Rafael estará acompanhado de quatro amigos, e o grupo espera acompanhar quatro jogos do Brasil: os três da fase de grupos e a partida das oitavas de final, já que é muito provável que a Seleção avance de fase.
O primeiro passo para entender os custos da viagem de qualquer um dos turistas que estarão no Catar é falar sobre a moeda local, o rial catariano. Na cotação atual, 1 rial equivale a R$ 1,47. Uma curiosidade é que na nota de 10 riais tem a imagem do Lusail Stadium, o estádio que sediará dois jogos do Brasil na fase de grupos, contra Sérvia e Camarões, além da final da Copa do Mundo.
Para assistir a partidas da fase de grupos nesta ou em qualquer outra arena da Copa, o turista terá que desembolsar 250 riais - cerca de R$ 370 - no setor mais barato dos estádios, que fica atrás do gol. Para quem reside no Catar os valores são mais baixos, em torno de R$ 55 nesse mesmo setor.
Rafael conta que selecionou os ingressos do Setor 2, o segundo mais
barato, que custa cerca de R$ 600 nas partidas da primeira fase e
R$ 750 nas oitavas de final. Além dos jogos do Brasil, o grupo também
comprou entradas para um confronto dos mais esperados da Copa, entre
Espanha e Alemanha, pelo Grupo E.
As partidas consideradas mais atraentes, como a abertura (Catar x Equador) e as fases de mata-mata, têm preços mais elevados. Um ingresso para o jogo que abre o Mundial custa entre R$ 1.637 e R$ 3.349, enquanto a final, no dia 18 de dezembro, varia de R$ 3.275 a R$ 8.307.
Considerando que um torcedor acompanhe a seleção brasileira nas sete possíveis partidas da Copa do Mundo e que ele fique no setor mais barato dos estádios, o custo médio apenas com os ingressos é de R$ 7.500.
Hospedagem e passagens caras
Para ficar no Catar durante o período do Mundial, os turistas dificilmente conseguirão economizar. A essa altura a rede hoteleira está praticamente toda ocupada.
"A gente escolheu a hospedagem logo nos primeiros dias que liberaram reserva. Qualquer hospedagem, das mais simples até as mais luxuosas são intermediadas pela Fida. Nós alugamos um apartamento mais central, perto do metrô, para que o deslocamento fosse melhor. Hoje eu tenho 47 anos, não tenho mais condições [de me deslocar o tempo todo]", brincou Rafael.
Quem não teve a expertise de reservar os apartamentos ou hotéis com antecedência, certamente sofreu para achar hospedagens com boa localização e preço um pouco mais acessível.
O resultado da alta demanda é que algumas alternativas exóticas foram apresentadas para os viajantes na hora de fechar os pacotes de estadia. Tendas de camping no deserto, cabines em contêineres e até quartos em um cruzeiro que estará atracado no país foram oferecidos.
Esses contêineres, aliás, foram colocados em zonas específicas das cidades para se tornarem as ‘Fan Villages’, ou Vilas dos Torcedores, que têm custo médio de R$ 1 mil a diária para duas pessoas - para efeito de conta, R$ 500 para cada. Tais acomodações foram equipadas com duas camas de solteiro ou uma de casal, frigobar, banheiro, armário e uma mesa de centro. Caso o turista resolva passar todos os 28 dias da Copa do Mundo neste modelo econômico de hospedagem, o valor gasto será de R$ 14 mil.
O grupo Baianos na Copa teve o mesmo custo de R$ 500 por pessoa no aluguel de um apartamento de três quartos, dois banheiros e toda a estrutura de cozinha. Atualmente, as opções de aluguel de apartamentos e hotéis mais luxuosos ultrapassam os R$ 50 mil para o período completo do Mundial.
A título de curiosidade, a seleção brasileira se hospedará no The Westin Doha Hotel & Spa, um 5 estrelas com direito a praia privativa para os hóspedes. O setor em que a delegação do Brasil ficará hospedada será isolado do restante do hotel, porém algumas áreas poderão ser compartilhadas com os atletas.
Uma diária no The Westin Doha custa cerca de R$ 3.500 no quarto mais simples. Nas datas próximas à Copa os únicos quartos disponíveis custam a partir de R$ 10 mil por dia.
Já as passagens aéreas têm um valor padrão para quem sair do Brasil. Os voos mais comuns com destino a Doha partem de São Paulo e neste momento custam a partir de R$ 12 mil (ida e volta).
O trajeto de Rafael será bem mais longo que isso. O advogado reservou suas passagens com milhas em abril, logo após o sorteio dos grupos da Copa, e vai demorar quatro dias para chegar à capital do Catar. "Saio de Salvador para Lisboa, em Portugal, depois Zurique, na Suíça, Cairo, no Egito, e então chego no Catar. A viagem demora mais porque vou ficar duas noites em Zurique, esperando a conexão", revelou.
Alimentação
A depender do estilo de viagem que um turista escolhe fazer é possível definir diferentes padrões de custo com a alimentação. Para quem quiser gastar o mínimo possível com comida, a alternativa mais em conta são os fast foods. Segundo dados da plataforma Hikers Bay, que faz comparação do preço de produtos e serviços entre países, as redes McDonald's e Burger King servem refeições a R$ 37 pelo combo sanduíche, batata frita e refrigerante, ou R$ 11 apenas no sanduíche.
Já quem optar por restaurantes com uma alimentação mais balanceada encontrará refeições, em média, entre R$ 100 e R$ 120. Os estabelecimentos de cozinha chinesa são os mais em conta, enquanto restaurantes de culinária japonesa podem chegar a R$ 220 por pessoa.
Para colocar na conta da viagem, consideramos pelo menos três refeições por dia no estabelecimento mais em conta. Isso totaliza um gasto de R$ 3 mil, em média, ao longo de quase um mês de Copa.
Caso o viajante se hospede em apartamento e opte por comprar alimentos para preparar, é possível baixar esse valor. Mas a vida no Catar é cara. Na cotação de novembro, o litro do leite custa cerca de R$ 10.
Rafael Moreira reforçou que não tem ainda um valor do quanto gastará com alimentação, mas pretende priorizar as opções mais baratas, como comida de rua. "O apartamento tem estrutura de cozinha, vamos comprar itens de café da manhã, mas com certeza vamos comer muita comida de rua, não vamos fugir muito disso", afirma.
No fim da viagem, considerando os quatro principais gastos (passagens, hospedagem, ingressos e alimentação), o turista que ficar no Catar durante o Mundial inteiro gastará em torno de R$ 36,5 mil.
Lembrando que os valores variam de acordo com o câmbio, tipo de hospedagem e época em que foram feitas as reservas de passagem e de hospedagem. Outras escolhas do viajante também interferem, já que nesta edição da Copa do Mundo será possível, por exemplo, assistir a mais de um jogo por dia, devido à curta distância entre os estádios.
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