Bispo de Formosa renuncia ao cargo; pedido é acolhido pelo papa Francisco

Bisbo Dom José Ronaldo Ribeiro é acusado de participar de esquema de desvio de mais de R$ 2 milhões dos cofres da Igreja Católica

Por Sérgio Ferreira 12/09/2018 - 09:41 hs

Walder Galvão - Especial para o Correio

Por Visual News Noticias

Investigado por participar de esquema criminoso de desvio de mais de R$ 2 milhões da Igreja Católica, dom José Ronaldo Ribeiro renunciou ao cargo de bispo de Formosa (GO). A Nunciatura Apostólica no Brasil comunicou a decisão do papa Francisco em aceitar a renúncia na manhã desta quarta-feira (12/9). A notícia foi publicada no jornal L’Osservatore Romano, às 12h de Roma.  

Em 19 de março, o Ministério Público de Goiás (MPGO) deflagrou a Operação Caifás, que resultou no cumprimento de nove mandados de prisão contra grupo acusado de desviar dinheiro de 33 paróquias vinculadas à Diocese de Formosa. A suspeita é de que os réus faturassem por meio de batizados, casamentos e eventos realizados pela igreja. A investigação aponta que os religiosos tenham adquirido propriedades, veículos e jóias. 

O bispo, cinco padres e outras pessoas vinculadas à Cúria da Região permaneceram presos por quase 30 dias, mas, após a terceira tentativa de habeas corpus, conseguiram a liberação do Presídio de Formosa, impetrada pela defesa no Tribunal de Justiça do Estado de Goiás (TJGO). Os suspeitos são acusados de apropriação indébita, associação criminosa e alguns por lavagem de dinheiro 

As audiências do caso começaram nesta segunda-feira (10/9) em Formosa. Até o momento, a Justiça ouviu duas testemunhas de acusação. A audiência estava marcada para agosto, mas foi adiada a pedido da defesa, quando os promotores do MPGO apresentaram novas provas sobre a atuação dos religiosos no desvio de dinheiro. A próxima sessão está marcada para esta quinta-feira (13/9).  

Além do bispo, são acusados: Waldson José de Melo, Pároco da Paróquia Sagrada Família, em Posse; Guilherme Frederico Magallhães, secretário da Cúria de Formosa; Darcivan da Conceição Serracena, funcionário da Diocese de Formosa; Edmundo da Silva Borges Junior, advogado da Diocese de Formosa; Pedro Henrique Costa Augusto e Antônio Rubens Ferreira, empresários apontados como laranjas do esquema; Tiago Wenceslau de Barros Barbosa Junior, juiz eclesiástico; Mario Vieira de Brito, pároco da Paróquia São José Operário, em Formosa; Moacyr Santana, pároco da Catedral Nossa Senhora da Imaculada Conceição, em Formosa; Epitácio Cardozo Pereira, vigário-geral; e José Ronaldo Ribeiro, bispo de Formosa.   

A reportagem entrou em contato com a defesa do bispo dom José, mas não obteve retorno até a última atualização desta reportagem. A Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) também foi procurada, mas ainda não emitiu um posicionamento. A Cúria de Formosa informou que os padres estão em reunião e não poderiam conversar com o Correio.